Na pauta o Novo Colecionismo
“Você pode
dizer que eu sou um sonhador, mas não sou o único”
Lennon
O mundo da Arte reflete sempre o tempo de sua produção
e não raro aponta caminhos para a reflexão. É um mundo que não existe sem os artistas.
Podemos nos perguntar o que seria da Arte mundial se
não existissem os Colecionadores?
“ São eles os grandes consumidores que mantêm todo o sistema a funcionar.”
diz a
conferencista Manuela Hargreaves *.
Grandes
Coleções valiosas antes fechadas em propriedades particulares , hoje estão
abertas ao público enriquecendo o
ar com a cultura que um dia esses
colecionadores escolheram.
Solomon e Peggy Guggenheim, o suiço Ernst Beyeler o alemão Peter Ludwig, o
inglês de origem armênia Calouste Gulbenkian em Lisboa, Bernardo
Paz de Inhotim ,Ricardo Brennand em Recife,
o Instituto Moreira Sales, a
Fundação Eva Klabin , a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano em São
Paulo são alguns exemplos entre muitos.
Mas queremos
falar da vontade e do incentivo ao Colecionismo da arte atual , já que pendurar nas paredes da própria casa obras contemporâneas de valor
artístico pode ser tão prazeroso
quanto visitar os museus com obras já consagradas pela História .
Toda coleção
tende a refletir aspetos da personalidade do colecionador, o seu gosto, a sua sofisticação ou
ingenuidade, a sua independência de escolha ou a confiança no julgamento dos
outros. A coleção sempre irá refletir
aspectos do mundo vivido por quem coleciona.
Ilustração : Série
“Azulejarias” Heloisa Reis em exposição
na Galeria Solange Viana até 17 de Junho.
O
museólogo Fábio Magalhães * comemorou o
recente interesse de jovens colecionadores
de arte que, diferentemente dos
antigos interessam-se pela produção brasileira e não mais apenas pela arte celebrada mundo afora.
Num mundo que se desenha diferente neste início de
milênio até mesmo a finalidade da
Coleção – antes talvez mais voltada para a valorização de mercado - volta-se para esse canal
de comunicação que vai direto aos sentidos estimulando o surgimento de novas
atitudes baseadas em novos paradigmas
que visam a integração , a colaboração e o manter vivos os valores mais intrínsecamente humanos .
Afinal artistas precisam sobreviver de sua Arte e
consumidores de Arte têm o privilégio de consumir um bem imaterial representado
pelo significado contido no significante do material
adquirido. Na verdade a Arte pertence a todos que a fruem .
O papel do colecionador a partir de agora não é mais o de um hobby ou um desafio
pessoal de ir em busca da valorização do mercado . É muito mais que isso : está
ligado à formação de uma nova sociedade cultural, valorizadora dos
significados utópicos que
precisam deixar de ser inatingíveis como
forma imprescindível de
transformação gradual em direção a uma nova sociedade.
E como Lennon disse em “Imagine” não somos os únicos a querer um mundo melhor!
Para saber
mais:
*http://brasileiros.com.br/2012/09/a-arte-e-o-colecionismo-no-brasil-ontem-hoje-e-amanha/
*(http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/13020.pdf)
Este artigo foi originalmente publicado em www.babelcultural.com em Junho 2016
Este artigo foi originalmente publicado em www.babelcultural.com em Junho 2016